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Do Pó E Das Vísceras

  • Foto do escritor: Manuela Torres
    Manuela Torres
  • 10 de jan. de 2019
  • 2 min de leitura


Blood piss blues - SP - 2010
Quesada

No supremo vácuo existem galáxias, preenchidas pelo surpreendente, pelo desconhecido e pelo indecifrável.


Lá não há respostas, nem perguntas. Não há nada que altere a paz de uma vida explodida e espalhada. Um existir sem pessoa. Afinal, o que não é homem, nem bicho, também há de ser. Por isso se defende a tese que o cosmos tem a extensão de uma cobra gigante, que quanto mais vazio come, mais enorme fica, até virar o universo todo, num constante sem fim. E no meio desse infinito, dessa surpreendente, desconhecida e indecifrável cobra gigante que já explodiu, há pontos de explosão que formaram planetas e vísceras que envelheceram até virarem pó. O pó das galáxias. E não há outra forma de lhe dizer isso que não seja um mito ou a mais completa esquizofrenia, esse o mais próximo que consigo chegar do outro lado.


Cada planeta se chamava “eu”. Um era azul, o outro verde, um tinha atmosfera e o outro frieira nos dedos rochosos; um tinha um anel no corpo, outro piercings nas orelhas; um era frio, pequeno e distante e o outro brilhava como a maior das estrelas. E cada estrela era feito uma cobra que também já havia explodido, e que o único vislumbre já visto, foi sua morte explodida e espalhada, para sempre, consumindo o nada, para-sempre, até alcançar a vida eterna e tornar esse momento tão significativo apenas um brilho belo e imortal.


E cada planeta era problema seu e o universo continuava se estendendo como uma meiose. E nem um planeta compreendia o universo. Eles sabiam que vinham da cobra e que as estrelas eram como a cobra e que o infinito era como a meiose e que nada era igual para além das metáforas. Mas, quanto mais as estrelas morriam para sempre e o nada se esticava no nada e a poeira das galáxias somente havia de ser, mais nada tinha resposta, tudo era uma repetição que não deixava de surpreender, o tudo e o nada eram indecifráveis e a única alternativa era dizer a uma plateia de eu’s, problemas-de-si-próprios, que a saída era confiar que o real não passava de uma cobra gigante que explodiu e que continuaria explodindo e crescendo, roubando da suprema loucura um fim...

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