
Que cor tem meu céu
NÃO VAZIOS
Eu sou como as pessoas vazias.
E esse meu tão ser quase não cabe em mim.
Os sentimentos, as confusões e inquietudes, preenchem o buraco existencial de uma maneira indelicada.
-Vazia, não rasa. Amor, medo, filosofia... isso precisa transbordar de alguma forma.
Ou produz, ou evapora.
Pessoa que não é vazia produz.
Mas onde ficam então as confusões e as inquietudes? O amor, o medo e a filosofia?
Eu sou como as pessoas vazias. E tudo que eu produzo, evapora.
Não sou mais o semideus da Noruega
Não vanguardei tanto assim aqueles dias
E você pode ter certeza
Que nessa sala
Eu serei a pessoa que vai sobrar na roda
Abrir a boca duas vezes para tentar
Tentar
Dizer algo pertencente
Rir um pouco sem vontade
Para ninguém notar meu desconforto
Mas vão notar
Sempre notam
Pois eu não sou mais tão verde quanto as uvas do Olimpo
Nem tão Eucalipto quanto o aroma das tardes
Nem tão domingo quanto um feriado
Nem tão eu quanto eu era
E você pode ter certeza
Que nessa sala
Todos olharão para mim
Sem nada a dizer
Transformando-se em enigmas simples
Por longos e longos segundos
Ai quem dera eu
Às seis da tarde em Netuno
Meus dedos entrelaçados nos seus
E o mundo inteiro chovendo diamantes
Dilema do Poema Inacabado

De frente para o mar
Daqui não sairá nada bonito
Nada poético
Não se incomode em ler
Isto aqui não é um poema
Um dilema
Um lema
Um poema
Daqui não sairá nada com métrica
Nada hipócrita
DAQUI NÃO
Obedeça-me coração
Daqui não sairá nada
A não ser um borrão