Sobre o Choro e o Riso Que Ninguém Vê
- Manuela Torres
- 28 de nov. de 2018
- 1 min de leitura

Durante alguns sábados de 2017 eu estive na companhia dos sorrisos mais sinceros e genuínos que já presenciei. Meninas e meninos de uma pequena comunidade, dessas que se você não se interessar em conhecer, você vive a vida toda sem saber que existe. Passa batido. Entre uma compra de supermercado e outra, entre um turno de trabalho e outro, entre um domingo na igreja e outro.
Tainara e tantas outras meninas na mesma circunstância crescem todos os dias sem que você se dê conta. Se dê conta do quanto existe por trás daqueles sorrisos. Quantos tantos motivos para entristecer não hão de haver naqueles corações tão jovens.
Mas eu digo que em todos os sábados que estive nessa comunidade, levando música, cinema, arte e histórias, não foi para oferecer minha companhia. Na verdade, acho que a carente era eu. Carente dessa força
intrínseca que há em quem já nasce precisando lutar pela vida. Carente de um abraço apertado, de um olhar brilhando quando via o carro em que eu estava se aproximar.
Sinto que elas me mudaram muito mais do que eu as mudei. Porque elas são tão perspicazes, elas sabem que é assim que funciona, que a maioria passa batido mesmo. Mas quando alguém resolve abrir os olhos elas com um sorriso no rosto se propõe a ajudar.
Porque no fim a cega era eu e o projeto social, na alma, quem fez foram elas. Tainara e as tantas e tantas crianças como ela.
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